Um bálsamo de cura
Queridos irmãos,
Graça e paz!
Iniciamos esta carta informando que estamos bem e que não fomos afetados pelo terremoto de magnitude 7,8 que ocorreu aqui no Oriente Médio no dia 6/2, produzindo um cenário de desastre na Turquia e na Síria (país vizinho ao nosso). Apesar de crermos que nada acontece fora dos propósitos divinos, ficamos bastante entristecidos com a situação das vítimas de tão assombroso abalo sísmico. As mais de 20 mil vidas que se perderam viviam em uma parte do mundo onde a grande maioria das pessoas são privadas da oportunidade de ouvir a mensagem da cruz. Somado a isso, uma nova onda de refugiados deve se formar na região. Em uma luta obstinada pela vida, o povo sírio, que há mais de uma década sofre com os horrores da guerra, é impelido novamente a vagar por um vale que carrega no semblante a sombra da morte. No entanto, o Senhor se faz presente em meio ao sofrimento humano. O Deus que enxuga lágrimas, inclina-se ao quebrantado de coração e regenera o pecador convida os redimidos para se juntarem a Ele, entre as nações, a fim de serem um bálsamo de cura na vida de feridos, enlutados e deslocados.
Aqui em nosso país de residência, estamos na estação do inverno, período mais desafiador do ano, principalmente para os nossos amigos refugiados que lidam com uma série de privações. A maioria deles não dispõe de um sistema de aquecimento adequado ou possui vestimenta suficiente para se proteger das baixas temperaturas. Em resposta a isso, recentemente tivemos a alegria de fazer uma doação de roupas de frio. Beneficiamos um grupo de alunos em situação de refúgio, a partir dos recursos que nos são enviados do Brasil. Louvamos a Deus pela oportunidade que temos de servir como presença graciosa em um cenário repleto de necessidades.
Seguimos também compartilhando as boas novas em todas as oportunidades que temos. Talvez vocês se perguntem, como testemunhar em um contexto em que mais de 97% da população é muçulmana, em um ambiente que a maioria das pessoas nunca ouviu uma apresentação compreensível da fé cristã e em um país que proíbe legalmente os muçulmanos a renunciarem sua fé? Aqui vai um exemplo baseado em uma recente interação que tivemos:
“Você parece ser uma pessoa alegre,” disse a uma jovem instrutora de árabe. “Na verdade, sou uma pessoa bastante triste. A minha alegria é apenas aparente. Sorrio quando interajo com meus alunos, mas, em casa, eu não abro um sorriso. Só eu sei as lutas que enfrento e a tristeza que carrego dentro de mim.” Após ouvir esse relato, comuniquei que tinha uma palavra de Deus para ela. “Como assim?”, ela retrucou expressando curiosidade. “Na verdade, a palavra não é minha, são palavras de Jesus,” disse a ela. “Tenho elas aqui no meu telefone. Posso lê-las para você?” Após ouvir um, sim, iniciei a leitura de João 16.33:
“Falei essas coisas para que em mim vocês tenham paz. No mundo, vocês passam por aflições; mas tenham coragem: eu venci o mundo.”
Quando terminei a leitura, ela abriu um sorriso de felicidade e expressou enorme gratidão pelas palavras que produziram encorajamento em seu coração. Nas semanas seguintes, voltei a compartilhar textos bíblicos de maneira bastante espontânea a fim de não caracterizar uma abordagem proselitista. Assim temos feito também na relação com outros amigos por aqui, aproveitando cada oportunidade para lançarmos a semente do evangelho da graça de Deus.
Os filhos estão bem de saúde, apesar de sofrerem com alergias neste período do ano. Ambos experimentam um bom desempenho nos estudos. O mais novo continua progredindo no processo de alfabetização em inglês e árabe e o mais velho avançando em seu último ano do ensino médio. Ele tem mantido uma média geral de 9,5 nas disciplinas, o que recentemente lhe rendeu um certificado de honras acadêmicas. Louvamos a Deus pelo privilégio de conciliar as demandas do nosso trabalho transcultural com o progresso dos nossos filhos.
No centro de desenvolvimento comunitário onde coordenamos o programa do ensino de inglês e lecionamos semanalmente, reformulamos as nossas classes e ampliamos as nossas turmas. Os refugiados do Iêmen representam o grupo que mais cresceu entre os nossos alunos. A predominância agora é de alunos sudaneses, iemenitas e somalis, todos representantes de povos classificados como ainda não alcançados com o evangelho (PNAs).
Ao longo deste mês, a guerra no Sudão completará aniversário de 20 anos. Estamos preparando uma semana de eventos para refletir, conscientizar e despertar um contingente para a realidade e as oportunidades da crise migratória. Uma das atividades visa preparar membros da sociedade local para serem mais acolhedores ao interagirem com os refugiados. Isso é essencial para o processo de adaptação e para a manutenção da saúde mental deles aqui.
Estamos certos de que o sucesso do trabalho vem do Senhor. Portanto, rogamos que continuem intercedendo por nós e pelas atividades que desenvolvemos aqui. Estamos fazendo todo o esforço para que os nossos amigos ouçam, compreendam e creiam na mensagem. Contudo, a missão de tornar alguém em nova criatura é divina. A nossa constante oração é que Deus faça prosperar o trabalho entre os nossos amigos, abrindo a porta da fé e produzindo o milagre do novo nascimento em suas vidas. Por favor, orem conosco nesse sentido.
Tendo os pés calçados com “as sandálias do evangelho da paz”, prossigamos juntos, “conservando os nossos olhos fixos em Jesus, pois é por meio dele que a nossa fé começa, e é ele quem a aperfeiçoa” (Hebreus 12.2 NTL).
Em Cristo,
Família Oliveira
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