Abatidos, mas não destruídos
Queridos irmãos,
Graça e paz!
Já era noite quando o som das explosões sacudiu as janelas das salas de aula do centro de desenvolvimento comunitário onde eu estava ensinando meus alunos refugiados. Em casa, Vânia, Mateus e David também foram surpreendidos com o som das explosões. Uma aluna da Somália, assustada com os estrondos, perguntou: “Professor, o que está acontecendo?” No prédio ao lado da nossa casa, sob o barulho das explosões, os vizinhos gritavam apavorados. Nenhuma informação havia sido divulgada na mídia local, e muitos desconheciam que estávamos no meio de um ataque realizado pelo Irã contra Israel. Igualmente, ignoravam que as explosões resultavam da interceptação de mísseis balísticos que tentavam cruzar o nosso espaço aéreo. Em abril, já havíamos experimentado algo semelhante, mas agora a intensidade era muito maior. O barulho das explosões era tão próximo que parecia que o nosso país estava sob um ataque direto. Enquanto tentava responder à aluna, recebi uma ligação de Vânia confirmando que o barulho das explosões decorriam de um ataque aéreo iraniano. Imediatamente, cancelei a aula e pedi que todos os alunos se abrigassem. Ao regressar para casa, sob uma chuva de mísseis que riscavam o céu, fiquei impressionado com a imagem formada pelos projéteis, inclusive por aqueles que eram abatidos no ar. Acredito que jamais essa imagem será apagada da minha memória. Após cerca de meia hora depois que cheguei à casa, os ataques cessaram.
Graças ao Senhor, o nosso país não está em guerra. Todavia, com o avanço dos conflitos na região, o nosso território tem sido alvo de uma série de eventos temerários, como a queda de drones e foguetes, em diferentes cidades, enviados de países vizinhos.
Neste momento, a expectativa é de que um novo ataque do Irã seja realizado em breve, em resposta ao último contra-ataque realizado por Israel. Estando geograficamente entre os dois países, isso significa que, caso essa ameaça se concretize, estaremos novamente sob fogo cruzado.
É possível que vocês estejam se perguntando: “Com a escalada da violência na região, será que eles vão deixar o país?” Esperamos que não. Por enquanto, a nossa decisão é permanecer até junho do próximo ano, quando planejamos a nossa próxima viagem ao Brasil. Avaliamos que, neste momento, a situação de segurança aqui permanece sob controle e não há necessidade de uma evacuação imediata. Contudo, caso a situação se agrave a ponto de representar um risco direto à nossa segurança, teremos que reconsiderar nossa decisão e deixar o país.
Sendo bem sinceros, estamos abatidos com o impacto que a guerra vem produzindo por aqui. Nos últimos meses, as ameaças constantes de um ataque iminente do Irã e de um contra-ataque de Israel nos deixaram em estado de alerta. Além disso, o contato diário com as notícias da guerra e a constante avaliação dos perigos que nos cercam, acabaram gerando uma sensação de insegurança, trazendo desconforto, tensão e desgaste emocional. Em meio à sombra de um perigo que pode se manifestar a qualquer momento, seguimos obedientemente o nosso caminho. Como os olhos fixos naquele que tem todo o poder no céu e na terra, podemos descansar na certeza de que, aconteça o que acontecer, tudo vai terminar bem. Assim, apesar de abatidos, não estamos destruídos, pois como novas criaturas, “mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação” (2Coríntios 4.16-17).
Um desafio adicional que estamos enfrentando é com respeito aos nossos vistos. Infelizmente, o nosso visto de residência venceu em agosto e não pôde ser renovado. Desse modo, fizemos a transição para um visto de turista que deveria ser estendido em setembro, mas tivemos o pedido negado. A solução que encontramos foi sair do país por cinco dias para tentar um novo visto na reentrada. No regresso, obtivemos sucesso. Porém, ao passar pela imigração, um policial fardado fez uma série de perguntas e reteve os nossos passaportes. Após um período de espera, um policial à paisana autorizou a nossa reentrada ao país. Essa é a segunda vez seguida que passamos por esse tipo de procedimento. Percebemos há alguns meses que as autoridades locais vêm criando maiores dificuldades para emissão de vistos e para a entrada de estrangeiros no país. Entretanto, em função da nossa nova condição de visto, teremos que deixar o país regularmente, a cada três ou seis meses.
Queremos agradecer pelas ofertas que os irmãos enviaram para cobrir despesas com material escolar dos nossos alunos refugiados. Com as ofertas que chegaram, conseguimos custear material como: canetas, lápis, borrachas, cadernos e, até mesmo, livros. O apoio de vocês tem sido fundamental para o desenvolvimento do nosso trabalho aqui.
Além das aulas de idioma que Vânia tem lecionado para suas alunas refugiadas, ela tem participado de uma reunião mensal com mulheres muçulmanas predominantemente do Sudão, da Somália e do Iêmen. Na última oportunidade, ela compartilhou sobre o evento da queda narrado no terceiro capítulo de Gênesis. Na próxima reunião, ela vai basear a sua reflexão na história de Sara, esposa de Abraão. Essas interações têm sido muito proveitosas e pedimos que continuem intercedendo para que o evangelho seja revelado a cada uma dessas mulheres.
Aproveitamos para compartilhar mais uma notícia de publicação. Este mês, a Editora Descoberta está lançando um livro que contribui como autor de um dos capítulos. O título do livro é “Caminhos da Liberdade: Combatendo o tráfico e a escravidão humana”. O livro trata com profundidade e clareza de um desafio atual, global e urgente. Uma conferência online está sendo organizada para marcar o lançamento do livro. Os interessados no livro podem obter mais informações clicando aqui.
Somos muito gratos por todo o seu apoio até aqui e pedimos que continuem intercedendo por nós, pelo nosso trabalho e pelos nossos queridos aqui. Que em meio às trevas resplandeça a luz de Deus nos corações a fim de que o conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo, produza vida nova entre aqueles que ainda não conhecem o Cordeiro.
No Cordeiro,
Família Oliveira
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