O campo missionário

O campo missionário

A vida no campo: Sentado com a família na última fila de assentos de uma van, voltávamos de uma área de predominância sudanesa num subúrbio da cidade aqui de Nairóbi no Quênia. Os demais passageiros aparentavam tranquilidade, apesar de o motorista em alta velocidade, tentar todas as ultrapassagens possíveis, até mesmo onde haviam advertências de que era proibido ultrapassar. Ao longo do trajeto, deparamo-nos com um infortúnio: sofremos um assalto. O ladrão, um jovem magro e alto, fingindo estar passando mal solicitou que a janela do veículo fosse aberta a fim de distrair a nossa atenção. Enquanto isso, ele aproveitou para roubar a minha carteira, disposta em um dos bolsos da mochila que a esposa carregava. O roubo só foi percebido depois que o ladrão deixou o veículo. Em termos de valor, tínhamos na carteira o equivalente a R$ 50,00 e um cartão bancário. O assalto poderia ter resultado em maiores dificuldades, pois no mesmo bolso da mochila estavam: passaportes, chaves de casa e telefones celulares. Contudo, graciosamente o Senhor nos livrou do pior. O Mateus, meu filho de cinco anostentando interpretar a situação, disse: “Papai, quem sabe o ladrão não tinha carteira, por isso ele levou a sua?”

Voltando para casa, ainda sob o efeito do sentimento de violação pessoal, comecei a refletir sobre uma pergunta gerada a partir da experiência com o ladrão: por que viver a vida num campo missionário, ausente da pátria amada, distante das pessoas queridas e enfrentando diferentes tipos de perigos? Numa atitude de reavaliação indaguei a mim mesmo: o que me move a fazer o que eu faço e a viver a vida que vivo? A única resposta que encontrei para essa pergunta foi: obediência ao chamado divino! 

 

Nem tudo é dificuldade

Apesar da experiência narrada, felizmente o campo missionário transcultural não é um contexto somente de infortúnios. Ao obedecer ao chamado divino, tenho aprendido em minha jornada no continente africano que o campo reserva ao missionário muito mais do que dificuldades e gostaria de descrever aqui alguns aspectos positivos desse contexto:

 

1. Um contexto pelo qual Deus se interessa

O campo missionário transcultural abriga ao redor do mundo a realidade de pessoas que vivem sem qualquer acesso ao evangelho. Contexto de povos não alcançados e não engajados que vivem sem o conhecimento redentor de CristoRealidade que influencia a vida de 2.3 bilhões de pessoas que aguardam para ouvir o evangelho. Deus está interessado nessas pessoas e deseja usar a nossa vida para interferir na caminhada de vida delas.

 

2. Um contexto de serviço a Deus

Deus tem um projeto de redenção global e convoca o seu povo para cruzar fronteiras a fim de servi-lo na proclamação do evangelhoÉ pela graça divina que somos comissionados para o

sagrado serviçoe nos tornamos cooperadores de Deus no comprimento dos seus propósitos.Sendo assimservir na searanão é apenas se tornar resposta ao clamor dos perdidos, mas é se submeter ao desejo divino“Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15).

 

3. Um contexto de muitas bênçãos

É uma grandehonraser embaixador de Cristo e pioneiro na proclamação do evangelho. É um privilégio desenvolver relacionamentos com pessoas de outros povos e ter amigos espalhados entre as nações. É uma alegria caminhar com colegas que foram igualmente chamados para o campo, os quais mais se parecem com Paulo e Barnabé. Ter a vida influenciada por esses gigantes na fé é uma bênção diária.Asbênçãos recebidas no campo não param por aí, elas são abundantes e incontáveis.

A seara do Mestre, Jesus, é grande e poucos são os trabalhadores. Na maioria dos campos ao redor do mundo há a necessidade de obreiros e as oportunidades de ministério se fazem presentes em diversas áreas de atuação. Você já considerou a possibilidade de servir em um desses campos ou apoiar algum missionário que esteja servindo? 

Junte-se a nós!

Por Jairo de Oliveira

Fonte: Revista da MIAF

Intercedendo pela obra missionária

Intercedendo pela obra missionária

O Senhor Jesus, entre muitas outras coisas, também nos ensinou acerca da importância da oração na obra missionária. Ele sabia que essa era uma forma de nos envolvermos com a necessidade dos campos e de participarmos, contribuindo com a nossa intercessão diante de Deus.

Jesus enviou seus discípulos a fim de pregarem o Evangelho na sua seara, mas também os ensinou a orar por ela: “Por isso, orai ao Senhor da seara e pedi que Ele mande mais trabalhadores para a sua colheita” (Mateus 9:38).

A intercessão transforma inúmeras situações na obra missionária, assim como também muda a maneira de viver daqueles que oram. Sendo assim, não é de admirar que alguns que começam dedicando-se à oração acabam chegando a conclusão de que eles mesmos podem ser a resposta de suas orações.

Na experiência dos primeiros discípulos não foi diferente: inicialmente foram instruídos por Jesus a orar e logo em seguida foram enviados a seara, pelo Mestre: “E lhes recomendou: A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois ao Senhor da plantação que mande obreiros para fazerem a colheita. Portanto, ide! Eis que Eu vos envio como cordeiros para o meio dos lobos” (Lucas 10: 2-3).

A oração continua sendo uma forma de participarmos da obra missionária. E mais que isso, a oração é um preciso instrumento, que, se bem utilizado, pode fazer com que muitas necessidades da obra missionária sejam supridas. Por isso, devemos nos colocar na brecha e interceder ao Senhor em favor do avanço da pregação do Evangelho.

Precisamos suplicar ao Senhor pela salvação dos perdidos do nosso país e por cada criatura espalhada sobre a face do globo, intercedendo especialmente por aqueles que ainda não ouviram as boas novas de Cristo e possuem bem poucas chances de ouvir.

Devemos clamar a Deus pela igreja de Jesus Cristo em nosso país e orar que haja ampliação da visão missionária, a começar pelos líderes. Que, com isso, muitos vocacionados sejam despertados e mais missionários sejam enviados. Sobretudo aos campos que ainda não ouviram do Evangelho.

É necessário interceder constantemente pelos missionários, rogando a Deus que lhes conceda saúde física, mental e espiritual. Orar também por seus filhos, para que entendam a vocação dos pais, e para que suas igrejas sejam fiéis em sustentá-los.

Rogar fervorosamente por nossos obreiros, para que ultrapassem os obstáculos que se levantam e muitas vezes interferem no trabalho do missionário, tais como: a intensa oposição das trevas, dificuldades com o governo, diferenças culturais, aprendizado de uma nova língua, adaptação cultural e até a perseguição feroz ao cristianismo.

Não perca mais tempo, se você reconhece a importância da oração no trabalho missionário, comece a interceder agora. A glória de Deus será manifesta poderosamente às nações, à medida que o povo de Deus orar.

Por Jairo de Oliveira

Fonte: MIAF

Rato na congregação

Rato na congregação

O culto já se encaminhava para o fim, depois de mais de quatro horas desde o seu início. Na congregação estava reunido um grupo de pouco mais de quarenta sudaneses, oriundos de uma zona de guerra localizada no norte do país. Após ter compartilhado as Escrituras por cerca de meia hora, sentei-me na primeira fileira. Permaneci ali atento aos anúncios, até que fui distraído por um vulto próximo a única entrada do local. Para minha surpresa, identifiquei que o que roubava a minha atenção era um rato. Enquanto os meus olhos se arregalavam e os meus pelos se arrepiavam ante ao medo de que o animal causasse uma imensa confusão, ele passou tranquilamente pela porta e se moveu em direção aos que estavam sentados na fileira ao lado. Ao ver aquela cena meu coração quase parou. Com determinação e agilidade ele correu para os fundos da sala, ziguezagueando entre as pernas de homens, mulheres e crianças que encontrou pelo caminho. Extremamente tenso e sem saber o que fazer, fiquei aguardando pelo momento em que a congregação irrompesse aos gritos e corre-corre. Surpreendentemente, a reação das pessoas foi totalmente diferente da que estava imaginando. Elas simplesmente ignoraram a presença do roedor e continuaram demonstrando atenção aos avisos que eram apresentados pelo dirigente do culto. Eu não conseguia acreditar no que estava vendo. Abaixei discretamente a cabeça, pus a mão no rosto e por alguns momentos passei a considerar a possível reação se algo semelhante tivesse acontecido no salão de culto da minha igreja local no Brasil. Garanto que a atitude não teria sido de passividade. O pavor teria tomado conta de alguns e o culto teria provavelmente se encerrado ali. No entanto, não estou mais no Brasil, mas na África! Sim, aqui as pessoas estão inseridas em outro ambiente cultural, social, linguístico e reagem aos eventos do cotidiano de maneira distinta. Apesar de algumas similaridades com o Brasil, a vida na África é bem diferente. Mesmo com o passar dos anos e servindo em diferentes países do continente africano, ainda estou me adaptando a ela.

Por Jairo de Oliveira

Fonte: Morávios

Fazedores de Tenda: uma resposta ao chamado

Fazedores de Tenda: uma resposta ao chamado

O chamado divino já fez parte da vida de muitos homens de Deus. E continua fazendo. Nas Escrituras, encontramos um chamado geral para o testemunho do Evangelho (At 1:8) e um chamado específico para o ministério cristão (Rm1:1).

Os 12 apóstolos experimentaram o segundo tipo de chamado. Eles deveriam renunciar à própria atividade profissional para se dedicar exclusivamente ao ministério sagrado (Mt 4:18-20). Quando Jesus disse a Pedro e André que eles se tornariam pescadores de homens, essa era uma indicação clara de que deveriam deixar suas redes, abandonar seu barco na praia e abraçar um novo ofício.

Além do modelo daqueles que deixam a sua atividade profissional para servir no ministério cristão, há o modelo dos obreiros bivocacionais. São aqueles que servem no campo missionário por meio das suas profissões. Eles são comumente conhecidos como “fazedores de tendas” e são chamados assim com base na experiência de Paulo, em Atos 18:3.

Os que se sentem chamados para o ministério e desejam se tornar obreiros bivocacionais precisam saber que desenvolver simultaneamente a atividade profissional e o ministério num ambiente transcultural não é simples nem tão natural quanto parece. Há vários exemplos de trabalhos de obreiros bivocacionais eficazes, mas frequentemente encontramos missionários fazedores de tendas que se sentem frustrados por não conseguirem conciliar as duas atividades.

Em função dessa dificuldade de harmonizar os dois aspectos, há aqueles que acabam abrindo mão de uma atividade. Em nossa equipe de trabalho no Quênia há uma pediatra que deixou sua profissão para servir integralmente como evangelista. Ela tem umas das profissões mais desejadas por aqueles que ingressam na obra missionária. Não obstante, ela abandonou a atividade profissional porque não estava conseguindo investir tempo necessário no que se sentia realmente vocacionada: a proclamação do Evangelho. Embora tentasse viver e proclamar o Evangelho durante seu expediente, ela se via consumida pelas muitas horas de trabalho e sentia que a evangelização e o discipulado dos novos crentes não cabiam na sua agenda.

Embora acredite que os dois modelos sejam válidos e já tenha pessoalmente lançado mão de ambos, entendo que precisamos ter o cuidado de não desencorajar aqueles que têm uma vocação profissional para se dedicar exclusivamente ao ministério. Há lugar para os dois tipos de chamados na seara. Os modelos jamais devem ser concorrentes; um não deve suplantar o outro.

Você se sente chamado para servir a Deus entre as nações? Procure entender a sua vocação, estude bem o contexto para o qual você está sendo chamado para servir e responda fielmente ao chamado que Deus tem para sua vida.

Por Jairo de Oliveira

Fonte: Revista Povos e Línguas